Tuesday, October 17, 2023

O RIN0CERONTE BRANCO



O rinoceronte branco em boa verdade não existe, ou seja ele existe mas é tão branco como os restantes que são cinzentos. 


Atribuição do apelido descolorido resulta de um grande mal entendido. 


Os Bôers, que descendem lá dos Países Baixos do Norte da Europa falam uma língua descendente do neerlandês, o AfriKaans.  


Os Holandeses chamam a ‘largo’ a estranha palavra “wijd”. Que os Bôers simplificaram para “wyd”.

Chegaram os Ingleses à Africa do Sul e não percebiam patavina daquela língua , mas ouviam os sul-africanos chamarem wyd a esta espécie de rinocerontes, devido â sua boca larga, e entenderam White.


A partir desse momento estes rinocerontes que são acinzentados, ficaram a apelidar-se de brancos apenas porque ostentam uma boca larga.


Este rinoceronte, independente da semântica, está em vias de extinção. 

O maior perigo para estes animais vem de longe, da Ásia. 

A medicina chinesa, em alguns países asiáticos, usa o chifre do rinoceronte como ingrediente terapêutico há mais 2.000 anos,


Desde a crença de que o chifre ralado e dissolvido em água atribui poderes afrodisíacos à sua utilização para a cura da febre ou a ressaca assim outros tantos distúrbios alimentou a procura do corno do rinoceronte.

Cientificamente o chifre do rinoceronte tem tantos puderes como uma unha do dedo mindinho de um pé.


Para além disso ainda há caça furtiva e a perniciosa lei dos mercados. À medida que diminui o número de rinocerontes mais o seu valor aumenta.


Em alguns países como a Zâmbia, forças militares especiais como os Rangers estão destacados nas reservas nacionais para proteger, dia e noite, estes animais majestosos. E têm permissão usar as suas armas letais quando necessário.


Para estar próximo de um destes animais é necessário procurar os Rangers e onde há um ranger estarão rinocerontes por perto. Ninguém no seu juízo irrepreensível se aproxima destes perissodáctilos sem ter as costas quentes. Isto é, com os Rangers na retaguarda.


Fomos à procura deles. Mato adentro. O que mais encontrámos pelo caminho foram gazelas, depois uns Gnus, também chamados de boi-cavalo, ou wildebeest. É um mamífero ungulado, um bocado para o feioso, que anda gosta de andar acompanhado de Zebras. É uma relação interesseira tipo ‘i scratch your back you scratch mine’ mas na verdade é mais eu vejo por ti e tu cheiras por mim. 

E lá estavam elas uns passo à frente a ostentar as suas riscas pretas (ou brancas dependendo do modo em que olhamos para o equídeo.

 .

(Pouco ou nada se tem talado relatos dos troncos que as árvores deixam após partirem lá para o paraíso delas, mas são presença constante no cenário da savana.

São esculturas naturais, galhos que inventam posições impossíveis, que se cruzam em harmonia.

Naturezas mortas dum quadro real).


Um trilho levou-nos a uma paisagem singular, como se tivermos sido teletransportados para um recinto de guerra. Parecia uma pequena aldeia fustigada por uma dura batalha, mas também continha algo de apocalíptico. 

Como o G. referiu, assemelhava-se a um cenário do “Walking Dead”, uns casinhotos destruídos, outros queimados ou invadidos pelas árvores.


Fomos elucidados. Não passava de um antigo campo de treino dos Rangers, que a natureza  tinha resolvido tomar conta. Saímos do insólito espaço com a certeza que estes militares levam a sua tarefa à séria.

Um grande pássaro  branco desvia a nossa atenção e aterra no pico de uma que parecia nem conseguir suster um pardal.


Mais à frente lá surgiram as vestes camufladas uns metros  adiante os rinocerontes. Cumprimentámos  os soldados em silencio e ficámos a admirar os dois machos que pareciam encetar uma luta de “Sumo” com os dois “rikshis” a medir as forças. 

Mais afastada uma fêmea alimentava-se, serena.


Eu aproximei-me um pouco demais de um dos rinocerontes,  para fotografar mais abeirado e ele avançou na minha direcção. Um dos Rangers disse-me para dar uns passos para trás muito devagar. E rinoceronte continuou a sua vida. E eu continuei intacto.



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E SE UM DIA NO PORTO # dragão