Mosi-o-Tunya
(O fumo que troveja)
Ficámos molhados como uns pintos. Aliás devo confessar que até o pinto ficou encharcado.
A maior parte do tempo é como ser estivéssemos debaixo de uma chuva incessante com gotas da espessura de um alfinete, daqueles compridos não dos ditos de dama. Mas às dadas tantas a aguada agudiza à séria e ficamos com a sensação de que temos uma enorme nuvem que resolveu deitar tudo o que tinha dentro de si cá para fora.
Julgo que a Catarata funciona mais ou menos assim.
O rio Zambeze vem muito rápido e salta a pique lá do alto dos seus 128 metros, na garganta do Kariba, e desce barulhento por ali aos trambolhões entre as rochas até desaparecer lá no fundo, já perto do infinito.
O impacto é tal que uma névoa gigantesca faz a viagem inversa e ainda sobe umas dezenas de metros acima da catarata para depois cair sobre as nossas cabeças, enquanto observamos embasbacados aquela que decidiram merecidamente ser uma das 7 maravilhas do Mundo.
É essa nébula que á distância se torna igual a um gigantesco fumo. Aliás, lá dos céus, quando nos vamos aproximando de Livingstone já se vislumbra o fumo da catarata que troveja.
O arco-iris gosta sempre de marcar presença naquela imensidão de beleza.
Não admira. Luz branca há aos montes e não faltam gotas que queiram fazer a sua reflexão sobre a refração da luz e acabam por se dispersar naquelas sete tonalidades que bem conhecemos.
Quando o Sol aparece, à hora que costuma desabrochar em África, vai tingindo o céu de laranja-avermelhado e colorindo destes tons as partes da cascata que entende ficar melhor. Aí a o quadro fica perfeito.
O Astro sempre sempre teve muito jeito para pintar céus.
Mosi-o-Tunya, ou Mosi ao Tunya, o nome que os ancestrais deram ás cascatas que se estendem por 1,7 quilómetros, sendo a maior do mundo em largueza (em altitude ganha o prémio a “Salto de Ágel” na Venezuela, contando 979 metros) e fica metida no meio dois países, Zâmbia e Zimbabwe.
O brado que produz e o “fumo” que emite ter-lhe-ão valido o nome, O fumo que troveja.
Livingstone, explorador Escocês, andou por África à procura de rios. Arrancou do Botswana, viveu com povos, como o dos crocodilos ou o povo dos macacos, atravessou meia África e o deserto do Kalahari até chegar ao rio Zambeze para lhe atribuir o nome desengraçado de Victória Falls e deixar cair o poético Mosi-o-Tunya.
Pelo caminho foi atacado por um Leão, foi dado como perdido, dado como achado e acabou por morrer a 1 de Maio de 1873 na actual Zâmbia depois dei ter perdido a sua caixinha de medicamentos.
Mosi-o-tunya, era um local sagrado para os antigos. Eles acreditavam que no lago Kariba, no rio Zambeze, habitava uma grande serpente. Nyami-Nyami, que significava Deus-Rio e nunca deveriam entravam nele.
Criam que essa criatura que se assemelhava a uma serpente tinha três metros de largura, mas não se atreviam a adivinhar-lhe o comprimento. Apenas sabiam que quando Nyami-Nyami lá nadava a água tornava-se escarlate.
Mas à grande serpente também foi reservada uma história de amor. Só que já mais perto dos nossos tempos nos anos sessenta do século passado, quando construíram uma represa entre as margens do rio. Diz-se que Nyami-Nyami ficou separada da sua esposa e prometeu à amada que um dia destruiria a barragem para se juntar a ela.
Pelo que sei ainda não honrou a promessa.
Para on Povo Tonga Nyami-Nyami, era a sua protectora.
Ainda hoje este locar está envolvido num certo misticismo.
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