Lago Kariba
Fomos a Siavonga, no Sul da Zâmbia, terra dos Tongas, que acolhe o Lago Kariba.
Pretendíamos conhecer a sua imensidão e o local onde se domiciliou a mítica Nyami-Nyami.
Na verdade é o maior lago “fake” do mundo desde que lá ergueram uma barragem.
Agora ostenta 220Km de comprimento, por vezes 40Km de largura e um volume de 180m3.
É verdadeiramente impressionante.
Para além disso é uma cidade piscatória, conhecida pelos lagostins que lá se caçam aos magotes e se vendam (quase) ao preço da chuva. É também um destino turístico em demasia.
O nome Kariba advém de Karibva ou Karinga que significa armadilha, devido a uma rocha que parece querer desabar do topo do desfiladeiro para cair em cima de alguém.
Da rocha que abriga a Nyani-Nyami, segundo professam os BaTonga, ninguém se poderia aproximar, com o risco de serem arrastados para o lago e lá permaneceriam até à eternidade.
A história da Nyami-Nyami que significa Deus-rio pode-se resumir em poucas frases.
O Povo Tonga acreditava que O Deus-rio vivia naquelas águas e os protegia. Que se assemelhava a uma serpente com uns três metros de largura, se saberem calcular o se comprimento. E que quando se banhava no Kariba o lago tornava-se escarlate.
Quando construíram uma represa entre as margens do seu lago Nyami-Nyami ficou separada da sua esposa.
Dizem que e prometeu à amada que um dia destruiria a barragem para se juntar a ela.
A história da Barragem também se pode resumir. O povo BaTonga pouco contato tinha com o exterior e vivia ao longo do rio em plena harmonia coma mãe Natureza, residindo em casas de Krall.
Quando o colonialismo teve a ideia de industrializar a Rodésia do Norte, deu-lhes para ali botar uma barragem, andava-se pelos anos 50, chamaram uns italianos para fazerem a obra.
Como uns milhares de árvores centenárias se atravessam nos caminho da modernização, arrancaram-nas. E os trabalhos progrediam.
Entretanto as águas da barragem iriam transbordar e alagar as casas da população BaTonga, Convidaram-os a afastarem-se do rio.
Mas como há sempre pessoas teimosas e agarradas materialmente ás casas em que sempre viveram, houve uns quanto que, benemeritamente, foram retirados à força.
No ano de 1957 a barragem estava prestes a finalizar-se. Nyami-Nyami encolerizou-se e provocou as maiores cheias jamais vistas. Parte da barragem ficou destruída e muitos trabalhadores morreram. Alguns eram brancos e foram os corpos destes que, enigmaticamente, sumiram.
No ano seguinte Nyami-Nyami voltou a investir e causou mais danos à estrutura.
Mas a modernidade não pode perder a face e em 1958 lá terminaram a coisa.
Os BaTonga que ainda vivem próximos do rio ainda esperam por um novo regresso do Deus-rio.
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